9 de março de 2011

Lugar de mulher é na Adega.

Olá, hoje o post da Divino é especialmente dedica ao dia 8 de março, dia internacional da Mulher.
Estou em Campinas, aguardando para viajar para Londrina. Pensei. Qual vinho gostaria de tomar nesta data? Porque afinal as mulheres tem muito que comemorar e não somente as mais de 13 milhões consumidoras de vinho do mundo. Mas todas. A ligação da mulher é o vinho e tão fascinante e tão duradoura quanto à relação homem mulher. Na dúvida entre ambos. Prefira um bom tinto. A lendária francesa Barbe-Nicole Ponsardin, a viúva que ficou famosa como Veuve ClicquotSaint que o diga, viúva, desenvolveu a remuage, parte do método Champenoise. Sim meus caros, uma francesa, viúva é uma das responsáveis pela representação da Alegria em forma de vinho, o Champagne. Prova de que na falta do amor, abra um Champagne. Não é de surpreender. Temos mulheres em todos os setores, e não seria diferente no mundo da enologia. Podemos denominá-las SOBERANAS DO VINHO.

 Há uma década, o mais comum era encontrar mulheres somente nos vinhedos nas atividades de poda, desfolha e colheita, posicionadas horas a fio diante da mesa de escolha para identificar os bagos apropriados para a fermentação ou ainda na pisa das uvas.  Mulheres, escolhidas para essas atividades exatamente pelo que as tornam ''fragéis''. A DELICADEZA. Sem grande prestígio e fazendo tarefas pesadas. Simples Mão-de-obra.

Mulheres trabalhando no vinhedo.


Mas o cenário está mudando. Hoje encontramos mulheres que são o centro de vinícolas com prestígio mundial. Quem diria de colhedoras a Empreendedoras. E notável a entrada da mulher na enologia. Elas imprimem a sua marca, reproduzindo nos vinhos a personalidade feminina: elegante, sensível, com notas florais comparada aos mais raros perfumes.
Mulheres como Susana Balbo, a enóloga responsável pelo início dos aclamados vinhos da Catena Zapata e agora com seu próprio vinhedo produz verdadeiras maravilhas traduzidas em vinhos reconhecidos e exportados pelo Mundo.
Argentina Susana Balbo

Temos Jancin Robinson, que além de escrever regularmente sobre vinhos para o Financial Times, também leva seu nome a coluna sobre vinhos em mais de ONZE países e CINCO continentes, além de livros publicados e programas de TV sobre o assunto. Quantos esperaram sua análise crítica. 
Americana Jancin Robinson

Maria Luz Marin, enóloga chilena esta há 10 anos a frente da butique ícone do Chile, Casa Marin, com sua perspicácia produziu vinhos onde outros não o fizeram. Desconhecido Valle de San Antonio, na pequena cidade de Lo Abarca, a apenas 4 km do mar.
Chilena Maria Luz Marin

Sem deixar de mencionar também Piera Martellozzo, italiana de Veneto que herdou o negócio da família — uma vinícola de mais de 100 anos, a falta de experiência e o pânico a fizeram a elaborar vinhos tintos modernos confrontando a tradição italiana.

Italiana Piera Martellozzo


Sem esquecer. As belas mulheres do vinho. Rainhas da Vindima. Rainhas da uva. Rainhas da Colheita. O que seria das festas e dos vinhos sem a representaçao tão bela e elegante dessas soberanas. Não teria a menor graça.


Fernanda Cruz -Reina de la vendimia de Rivadavia-Argentina
 



Imperatriz da Fenavinho 2009, Cláudia Alberici, com as princesas Aline Petroli e Bárbara Manfroi


Assim, o brinde é pra todas. Desde a dona de casa, a mãe, a amiga, a namorada, a colega de trabalho, as enólogas, as rainhas, as trabalhadoras do campo enfim as mulheres. Sem me prolongar mais e respondendo a dúvida inicial, o vinho que gostaria de abrir hoje, muito mais que de excelente safra ou vinícola, deveria ser acompanhado de boa companhia, de reconhecimento, de respeito e igualdade.
Homens, já elaboraram esse vinho?

Feliz dia das Mulheres a todas que fazem do vinho, mais que uma bebida, uma PAIXÃO. Porque o nosso lugar é na ADEGA.
Até breve.

6 de março de 2011

Enoturismo: Santa Catarina com a taça e o vinho na mão.

Caros, começo o primeiro dos vários posts sobre a bela Santa Catarina. Durante o mês de janeiro estive na região de Videira, mas especificamente na Epagri (Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina) juntamente com a equipe de Viticultura acompanhando e trabalhando com projetos de pesquisa ligados a uva e ao vinho. Conhecia parte do estado. Meus pais são Catarinenses. Mas que BELA surpresa. Rotas nem sempre turísticas, mas de encher os olhos. Viticultores pioneiros e engajados com o tema. Cidades que respiram vinho. Linhas férreas entre os vinhedos. Tecnologia de ponta no campo e vinhos com identidade e qualidade. Por isso lhes afirmo. A região tem tudo para despontar no setor do enoturismo. O marketing não é ruim, VINHOS DE ALTITUDE.

Vinhedo em Tangará da Serra-SC
  

Vinhos de Altitudes de Santa Catarina.


Mas parece faltar fôlego, ou melhor, falta realmente começar a corrida. A Serra Gaúcha afamada pelo Vale dos Vinhedos em minha opinião DEVE muito em paisagem para Videira,Tangará da Serra, Marari, Pinheiro Preto, Água doce e Treze Tílias. Não que Santa Catarina não tenha projeção. Quem não gostaria de conhecer o sonho em formato de vinícola, chamado Villa Francione. Mas falta muito. Visitei vinícolas, em outro post detalharei as, que conseguiriam fascinar até mesmo Baco. Sem exageros, sem produções contabilizadas em milhares de garrafas, mas com o ‘’feeling’’ do vinho, a Elegância. Elegância de aroma e na apresentação, como exemplo o vinho ícone da Vinícola Villagio Grando, INOMINABILE. Garanto-lhes que o nome diz tudo. Ou o Sauvignon Blanc que faz esquecer rápido do Casablanca Chileno. Tecnicamente, vinhedos produzindo em altitude de 1300 metros com a maturação da uva retardada até os meses de abril, novas tecnologia em campo, como a máquina TPC (Thermal Pest Control), ou seja, que faz o controle térmico de doenças e pragas à base do ar quente. Outra característica que me agradou muito foram áreas com variedades novas. Não somente em avaliação. Na ocasião degustamos o varietal de cor intensa Teroldego (Trento, Itália) Nilo da Vinícola Panceri. Destaco também a natureza composta de serras, cachoeiras e clima agradável.
Então o que falta? Incentivo através de políticas? Divulgação? Talvez renovar a imagem do Estado de vinho de garrafão e separar o SUL do País.
A questão é quanto esperaremos para que essa região Catarinense trace seu ''belo roteiro'' e sirva seu elegante vinho?
Aguardemos ansiosos,
Saludos e até breve!


Cidade de Videira - SC
Vinhedo de Pinot Nero em Campos Novos.



5 de março de 2011

Me Rotule se puder!

Potencial climático da região semiárida do Piauí para a produção de uvas destinadas à elaboração de vinhos finos

Cultivo de uva no Cerrado: solo trabalhoso e fruta mais doce

O potencial brasileiro para produção de uvas destinadas a vinificação aumenta a cada dia com a introdução de novas regiões do País no setor vitivinícola, como podemos ler nas reportagens recentes. E a pergunta que fica.
Denominação de origem? Terroir? Variedade emblemática?
Difícil é tipificar como outros países produtores a marca registrada do VINHO BRASILEIRO para o mercado externo. Tropical? Temperado? de Altitude?
Caros colegas, sabemos que só a qualidade não coloca a mesa para o vinho, o consumidor quer "entender", quer recomendar o vinho, e o que melhor que um vinho EMBLEMÁTICO? Com qualidade? Nem sempre. MAS é EMBLEMÁTICO. Abrindo parênteses. Carménère foi confundida por anos como Merlot no Chile, e nunca cogitaram a mesma ser a uva emblemática do país. Alguém tem ideia porque? Agronomicamente essas classificações são extremamente limitantes. Degustei excelentes Malbecs Chilenos. E também porque não o seria? Porque seria Chileno ou porque não era Argentino?
Qual será o nosso Malbec ou Tannat? Não sei... Por aqui dizem algo sobre a Syrah. E a Austrália? O novo mundo que se entenda...
Terroir, rotulagens e estratégias a parte...acredito que o Brasil não deve ficar de fora por questões COMERCIAIS!
Até a próxima!
SALUT!


4 de março de 2011

O que é que o ESPUMANTE tem?

Inspirada pelo Carnaval e parafraseando a famosa canção de Carmem Miranda, começo o post a respeito do nosso espumante brasileiro com a pergunta:
Afinal o que é que o nosso espumante tem? Tem aroma? Tem acidez? Tem açúcar? Tem frescor?
A resposta é fácil, nosso espumante tem... EQUILÍBRIO... E Já diziam ‘O equilíbrio é a base de tudo’, e também a base de uma excelente garrafa de vinho.
Explico-lhes.
Condições climáticas de certas regiões do Brasil como o Sul de Minas ou os vinhedos de altitude de Santa Catarina, onde o ciclo da videira só ocorre uma vez por ano, determinado fundamentalmente pelas baixas temperaturas, o período de maturação coincide com o período chuvoso, afetando o acúmulo de açúcares o que dificulta o perfeito amadurecimento das uvas. Condição perfeitamente compensada pela segunda fermentação à qual são submetidos. Assim o que parecia impedir a produção de espumantes de qualidade é o DIFERENCIAL brasileiro.
Ao contrário de espumantes de regiões muito quentes (Argentina e Chile) onde a uva acumula grande quantidade de açúcares e consequentemente apresenta baixa acidez, originando espumantes geralmente desinteressantes e com falta de frescor, os espumantes das regiões vitícolas brasileiras apresentam a tipicidade que buscamos, originando vinhos com maior acidez, sendo nervosos, vivos e EQUILIBRADOS.
 E o equilíbrio entre açucares e ácidos das uvas com menor índice de maturação é a alma do vinho, pois favorece uma maior riqueza sensorial, traduzindo, melhora o CONVITE para apreciação do consumidor, O AROMA.
Afinal, o que queremos de um espumante?
 É a vivacidade, as borbulhas saltando da taça e a sensação picante no nariz, o Brasil tem grande potencial para produzir o espumante com esses tons, assim como nossa cultura alegre, o espumante entra no mercado dos vinhos finos com tudo que a bahiana tem...
A graça como ninguém tem!
Bom carnaval a todos que acompanham DiVino!
                                                                      Tim-Tim!
Carmem Miranda